Vamos dar um mergulho no Igapó? Por que não? Não te agrada o cheirinho de bosta?
Pois saiba que antigamente essa bela privada a céu aberto, encravado no meio da nossa cidade, era meu clube de final de semana. Sim, meu pai me levava lá, e, enquanto ele lavava o carro na barragem, numa das bicas que por onde hoje é despejado o pútrido líquido marrom que preenche o lago, eu me banhava empolgado na beirinha, onde dava pé. Isso mesmo, o Igapó durante muito tempo foi utilizado como um lava-rápido self service. Bastava você montar seu kit com sabão, balde, e buchinha, recrutar os filhos para ajudar na tarefa, e ir aguardar na fila pela sua vez de tirar o “lave-me” da janela traseira do seu carro. Vale uma menção a dificuldade para se manter em pé no chão de pedras cheias de lodo, que já era sinal da merda que estaria por vir.
As águas não eram exatamente translúcidas, como uma Perrier num copo de cristal, mas pelo menos os coliformes fecais não eram visíveis a olho nu. Claro, antigamente não era essa frescura que é hoje, onde lixo tem que ficar separado de lixo, mas mesmo assim. Se você lavar seu carro hoje em dia com as águas do Igapó é capaz da sujeira ser impermeabilizada.
E você já notou o grande número de garças e outras aves que habitam o lago? Pelo jeito coco é mais nutritivo do que pensei. Alguém já pensou em lançar uma ração para aves sabor bosta?
E aí a gente pergunta: "A culpa disso tudo é de quem?" Da natureza é claro. Quem manda não absorver todo o lixo que a gente despeja nela?
Mas não podemos negar, trata-se de um belo cartão postal da nossa cidade (ao menos enquanto eles não transmitem também o cheiro). A área verde no entorno, as aves de espécies variadas, a pista de caminhada, as casas de milionários na beira do lago público...
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