segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Você não é o alvo

          Se você avista um cachorro pegando fogo, você é do tipo que corre ajudar o pobre animalzinho ou do que vai atrás de sal pra temperar o churrasco? Ao se deparar com um suicida ameaçando se jogar do prédio, você se junta aos presentes pra ajudar? Ou puxa o coro: "Pula! Pula!"?

          O humor negro não foi feito pra todo mundo, a maioria talvez não goste de piadas sobre morte, deficientes, tsunamis, racismo. Eu cansei de ver pessoas extravasarem das formas mais distintas esse descontentamento, alguns inclusive com raiva, realmente se sentindo ofendido. Pois é pra essas pessoas, que recriminam o politicamente incorreto, que eu tenho uma simples mensagem: “Essas piadas não são para você”, fácil assim.

          A piada tem como propósito fazer rir, não ofender. Se você não gostou de determinada piada, ignore-a, ela não foi direcionada a você. Muita gente gosta desse tipo de humor, eu sou um deles, mas as pessoas se acham no direito de limitar o que podemos ou não curtir. Não vejo como não rotular isso como censura.


"O limite da piada é a criatividade, qualquer barreira além desta vai contra a cultura."


          Num episódio recente, o Japão foi devastado por um tsunami, e, ao mesmo tempo em que piadas inundavam redes sociais como o twitter, incontáveis outras recriminavam tais atitudes. Inclusive humoristas diziam coisas como “Não é o momento”. O fato é que muitas piadas só poderiam ser feitas ali, na hora. Me lembro de ter me perguntado: “Não é o momento? Quantos metros a água tem que baixar pra eu começar?” Qualquer limite é prejudicial.

          Assim como você tolera alguns estilos musicais que você não aprecia, você pode simplesmente ignorar quando uma piada não te agrada. É puro preconceito classificar alguém que faz humor politicamente incorreto como “sem coração”, ou sem escrúpulos. A morte, deficiência, ou qualquer coisa do tipo, dói tanto em você quanto em quem tem a capacidade de levar o fato com um pouco de humor.

          Enquanto tiver público, haverá quem crie esse material. E enquanto ele estiver aí, você tem duas formas de agir quando se deparar com isso e não gostar: ignorar; ou ficar se remoendo e sofrendo com isso. Como pessoa sensata, e predisposta a ajudar, recomendo que siga a primeira opção. Como comediante eu quero mais é que você se fôda.

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